domingo, 5 de fevereiro de 2012

Alma Rasgada - Deixando o Brasil para tras uma vez mais.

Ontem  fiquei bem alerta ao estado da minha alma no momento que saía da casa dos meus pais. Era como se algo se rasgasse dentro de mim, dentro da minha alma. E' como se eu fosse me desconectar dolorosamente de uma realidade por um tempo indeterminado.

Pensei que vinte anos depois seria um pouco mais fácil sair do Brasil, mas aquele primeiro passo é sempre muito duro.

Vinte anos depois e eu ainda não sei sair do Brasil sem chorar. Continua sendo muito duro deixar para tras essas pessoas quem eu amo tanto. Deixar para trás minha identidade. Chorei sozinho. No Avião.

Uma hora e meia no carro ajudam a amenizar a ansiedade da saída.

O mais interessante foi notar que houve um determinado momento no aeroporto, logo que fiquei sozinho; em que eu tive que fazer um consciente ajuste mental. A partir daquele momento eu optei por deixar de lado a minha brasileirice. Nunca ate então havia notado isso. Foi algo como apertar um interruptor e fazer uma mudança de atitude, de agir, e da forma de pensar.

O mais interessante foi ouvir o agente de imigração dos EUA me dizer "welcome home sir." Não me lembro de ouvir um agente de imigração no Brasil em vinte anos me dizer "bem vindo a casa."

Não sei se tenho casa. Não me sinto 100% em casa aqui depois de 10 anos residindo no pais, mas também não me senti 100% em casa nos dias que passei no Brasil.

Minha casa esta no céu.

4 comentários:

  1. Dri,
    Fiquei emocionada com este depoimento... Mas consigo te entender. Acredito que no momento em que você, há 20 anos, decidiu cair no mundo, você deixou de ter uma morada determinada para se tornar um cidadão do mundo, assim como dizia Charles Chaplin.
    Meu amigo, conhecendo você como eu conheço, sei que é capaz de se adaptar e de conquistar novos amigos onde quer que vá! Você escolheu os EUA para morar porque foi aí que constituiu sua linda família! Mas sempre se sentirá um dos nossos, porque foi aqui que nasceu e começou a sua história!
    E nunca se esqueça, "há muitas moradas na casa do Pai"!
    Volte sempre!!! Você faz muita falta aqui no Brasil!!
    Te adoro!

    ResponderExcluir
  2. Oi Adriano, Gostei de "minha casa está no céu", pois nossa verdadeira morada não é aqui mesmo. Outra coisa que aprendi depois de velha é não se orgulhar de nosso país terrestre ou "to boast" no que nosso país possui, como muitos americanos que conheço, mas sim "boast" na nossa morada eterna.
    Agora, deconectar como que delisgando um interruptor, ainda não aprendi. Há muitas pessoas que sempre acharam que eu não tinha nada de brasileirice. Tenho uma amiga que diz que sou brasileira do Paraguay (insinuação a coisas falsificadas).

    ResponderExcluir
  3. Lu - hoje reconheço que sou uma pessoa um pouco diferente no sentido de que nao me adapto 100% nem aqui nos EUA e nem ai no Brasil. Nem sei se conseguiria voltar a ser 100% brasileiríssimo se eu voltasse ao Brasil definitivamente depois de passar metade da minha vida longe dai. Minha vida esta marcada para sempre.

    ResponderExcluir
  4. Marli- uma coisa que aprendi e' que os americanos sao muito patrióticos. A geração atual nem tanto, mas em geral os americanos sao orgulhosos de seu pais. Eles crescem sabendo que sao potencia economica, militar e politica. Tudo que acontece aqui passa no Jornal Nacional. Aqui nao passa nada do Brasil... so' tragedia. Na verdade eu vejo os países abençoados por Deus de formas diferentes, para cumprir um proposito especifico...

    ResponderExcluir